A aprendizagem dos conhecimentos científicos interfere na capacidade dos seres humanos compreenderem e atuarem no mundo. Isso porque a ciência está diretamente ligada à construção da sociedade e, cada vez mais se amplia a necessidade de estudar e compreender a ciência, seu papel no mundo e sua interferência na vida dos sujeitos, na sustentabilidade planetária, dentre outros aspectos que ocorrem sem desprezar a moral e a ética diante da atual sociedade da informação e comunicação e das disputas sociais no bojo do sistema de produção(UNESCO, 1999).

Nos últimos anos, os processos de industrialização e a grande apropriação do desenvolvimento científico e tecnológico por parte do sistema de produção, o avanço da globalização da economia, reinventados pelos avanços tecnológicos – iniciados na década de 1940 e potencializado em 1970 com o avanço da microeletrônica e da internet – modificou a forma de vida no planeta nesse século XXI (LIBÂNEO, OLIVEIRA e TOSCHI, 2011).

Foi também nos meados de 1970 que iniciaram as preocupações com o desenvolvimento da ciência no que concerne não apenas a seus contributos, mas os riscos que a mesma pode causar a vida e o equilíbrio das forças naturais e, concomitante as pesquisas sobre o Ensino de Ciências ganham destaque mundial. As discussões do trinômio Ciência-Tecnologia- Sociedade surgem e apontam o quanto essas unidades avançaram em interdependência, assim como outros estudos tais quais, a ciência e o ensino de ciências, as teorias epistemológicas, o conhecimento e aprendizagem humanos ao longo do século XX, entretanto, no que concerne ao Ensino de Ciência, se enfrentam velhos e novos desafios a hereditária racionalidade técnica e o ensino tradicional nas práticas dos professores de ciências e nas escolas, de um contexto educacional que não avançou/acompanhou o desenvolvimento da própria construção da ciência desse tempo, de modo que métodos e técnicas de sala de aula, nas aulas de ciências tornaram-se obsoletos(CACHAPUZ et.al., 2010).

Por um lado, as escola e os cursos de formação não avançaram na velocidade em que novas práticas científico-tecnológicas são implementadas no modo de vida. Isso implica numa dinâmica educacional de dinamicidade e atualização estrutural, científica e tecnológica que torna coisas obsoletas num curto espaço de tempo o que representam um constante e crescente desafio para as escolas brasileiras. Por outro lado, uma grande parte das universidades, institutos federais, escolas de formação docente, escolas de educação básica, professores de ciências, tem dificuldade de romper com a herança de um modelo de ensino mais precisamente memorístico, que, não tem capacidade de apresentar resposta adequada à formação de sujeitos desse tempo. A atividade de ensinar ciências, sem reflexões, estudo e pesquisas sobre ela, acaba herdando as práticas de um senso comum pedagógico. (CACHAPUZ et.al., 2010; DELIZOICOV, 2011).

A Conferência Mundial de Budapeste ao tratar da Ciência e do uso do conhecimento científico para este século XXI parafraseia que,

O conhecimento científico tem levado a inovações extraordinárias, de grande benefício para a humanidade. A expectativa de vida teve um aumento notável e descobriu-se a cura para muitas doenças. A produção agrícola elevou-se significativamente em muitas partes do mundo, atendendo às crescentes necessidades das populações. O desenvolvimento tecnológico e o uso de novos recursos energéticos geraram a oportunidade de libertar-se a humanidade do trabalho árduo. Possibilitaram, também, a criação de uma crescente e complexa variedade de produtos e de processos industriais. Tecnologias baseadas em novos métodos de comunicação, o uso da informação e a computação trouxeram oportunidades e desafios sem precedentes tanto para os empreendimentos científicos como para a sociedade em geral (UNESCO, 1999, p.2).

Além dos avanços da ciência como sobreposto, a declaração também trata das mazelas deste avanço:

Além de os seus benefícios demonstráveis, as aplicações dos avanços científicos e o desenvolvimento e a expansão da atividade humana também levaram à degradação ambiental e a desastres tecnológicos, e contribuíram para o desequilíbrio e para a exclusão social. Como exemplo, o progresso científico possibilitou a fabricação de armas sofisticadas, incluindo armas convencionais e armas de destruição em massa É agora a nossa oportunidade de reivindicar a redução dos recursos empregados no desenvolvimento e na fabricação de novos armamentos e de encorajarmos a conversão, pelo menos parcial, da produção militar e dos equipamentos de pesquisa em instrumentos para uso civil (UNESCO, 1999, p.2, grifos nossos).

A conscientização e a sensibilização em sentido lato, representa um possível caminho para a não direção de uma ciência perigosa a humanidade, e a educação científica representa o espaço onde ambas podem ocorrer para garantir as futuras gerações ações prudentes e conscientes por meio do conhecimento científico. Uma educação que forme um cidadão pensante, reflexivo, cidadãos alfabetizados cientificamente, sem discriminação e que englobe todos os níveis e modalidades educacionais, é um pré-requisito fundamental para a democracia e para assegurar um desenvolvimento sustentável e a existência planetária (CHASSOT, 2010; UNESCO, 1999, p.6).

No mesmo ano de 1997, ano da conferencia de Budapeste, houve a conferencia de Santo domingo, que também discute a ciência e a educação científica para este século. Inúmeros teóricos tais como: Gil-Perez, Fernández, Carrascosa, Cachapuz, Carvalho, Praia (2001); Maiztegui, Acevedo, Caamaño, Cañal, Del Carmen, Dumas Carré, Garritz, González, Gras-Martí, Guisasola, Lopéz-Cerezo, Macedo, Martínez-Torregrosa, Moreno, Rueda, Tricárico, Valdéz (2002), Valim, Macêdo, Souza (2015), Delizoicov (2012), Macêdo e Kalhil (2014) tem investigado a relevância de ressignificar o ensino-aprendizagem de forma adequada aos dias atuais, em detrimento de uma formação científica baseada na formação de cientistas/especialistas, uma formação para todos os cidadãos, sob a ótica da alfabetização científica como supramencionada.

Deste modo, diante das dificuldades da escola e de professores diante desta realidade, o Núcleo de Estudos Tecnológicos para o Desenvolvimento do Ensino de Ciências (NETEC), tem como objetivo Propiciar espaço de discussões e investigações científicas na área de ensino e aprendizagem de Ciências que apontem caminhos e faça descobertas científicas sem separar Ciência-Tecnologia-Sociedade ou Ciência-Tecnologia-Sociedade-Ambiente, para construção de uma educação científica que reflita sob o uso da ciência na sociedade, seus contributos e problemas, uma educação que promova no/para o ensino, sujeitos pensantes para a sociedade que valoriza a aprendizagem do conhecimento e a vida humana, por meio do desenvolvimento de metodologias, métodos, práticas, produtos, estratégias para o Ensino de Ciências na Educação Básica, uma realidade emergente, atual e abrangente.

Este é um desafio premente para o Instituto Federal do Maranhão (IFMA), porque se trata não somente de uma escola de educação básica, mas de formação inicial e continuada de professores que coloca essa instituição na responsabilidade de formação da sociedade maranhense e brasileira nesse contexto. Uma escola que forma profissionais de nível médio- técnico e superior, (inicial e formação continuada), num contexto de tecnologia e inovação.

O IFMA como uma escola da rede federal de educação profissional, tem dedicação não somente ao ensino, mas a prática de pesquisa que tem sido crescente, assim como a extensão do conhecimento levado a sociedade maranhense, particularmente a timonense, tratando-se do IFMA/Timon. Para contextualizar a educação científica e tecnológica está presente no PDI, assim como a atividade de pesquisas em diversos programas de bolsas de estudos – iniciação científica, formação docente, técnicos, estudantes de graduação e pós-graduação. Para contextualizar a realidade de Timon os cursos técnicos em Eletroeletrônica, Eletromecânica, Edificações, Informática, abrangem a educação básica, a licenciatura em ciências biológicas, a formação inicial de professores e, a especialização em ensino de ciências, a formação continuada, com projetos de bolsas capes, Fapema e bolsas institucionais. Contudo é premente concentrar esforços no ensino de ciências, que já vem ocorrendo por pesquisadores do campus, mas precisa culminar para a formalização institucional de um núcleo de estudos, o NETEC como resposta a necessidade institucional, em e para o ensino de ciências. Deste modo, estabelecerá institucionalizados os estudos nesta área, podendo de forma organizada, propiciar aos nossos estudantes, professores uma melhor formação e descobertas, inovações científicas e tecnológicas para o ensino de ciências. Ressalta-se que a necessidade de investigações em ensino de ciências é eminente. Esta emergência social pode ser verificada, no edital n.05 de 2019, em que o CNPq juntamente com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) realizam incentivo e investimentos em pesquisas no ensino de ciências para a educação básica.

Vinculação Institucional

O NETEC é vinculado ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA), certificado e registrado no Diretório de Grupos de Pesquisa no Brasil na página do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológicos (CNPq), no endereço: http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/511319